sábado, 23 de maio de 2009

Mestrado em HTP - Udesc

Temos aqui em Florianópolis, SC, um Programa de Pós-graduação em História, cuja área de concentração é a História do Tempo Presente.
Quer conhecer um pouco mais sobre o Mestrado em HTP?
Acesse o nosso site: http://www.ppgh.udesc.br
Dê uma olhada também na Revista Tempo e Argumento, associada ao mestrado: http://www.tempoeargumento.faed.udesc.br/
Abraço grande.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Questões teórico-metodológicas para uma História do Tempo Presente: o ensaio e o ensaio de nós mesmos. (Parte 2)

Meu objetivo aqui é identificar algumas medidas metodológicas para uma possibilidade – apenas uma dentre outras tantas possíveis - de um fazer histórico deste campo.
Como norteador para a identificação destes parâmetros, tomo aqui uma palestra proferida por Jorge Larrosa em 2004[1] e transformada em artigo, que julgo de grande potência de utilização, especialmente aos historiadores do tempo recente[2]. Seu texto, induzindo o pensar em atalhos e limites, aponta alternativas para um trilhar metodológico desta modalidade historiográfica. Neste, Larrosa identificará a relação entre o fazer um ensaio acadêmico e o ensaiar a si mesmo, na perspectiva do ensaio como relato da vida e da vida como percurso do fazer de si próprio. Ao verticalizar algumas das discussões propostas pelo autor espanhol, procurarei fazê-lo através da associação com outras falas relevantes. Ao me utilizar da figura do ensaio como alegoria desta história do recente, e do ensaísta proposto por Larrosa como representação do investigador deste campo, sinalizo para o que entendo ser o pressuposto epistemológico mais relevante deste módulo historiográfico: se marcar pela e na subjetividade, e ser antes de tudo, uma história de nós mesmos.

[1] LARROSA, Jorge. A operação ensaio. Sobre o ensaiar e o ensaiar-se no pensamento, na escrita e na vida. Educação & Realidade. Dossiê Michel Foucault, Porto Alegre, v. 29, n.1, p. 27-43, 2004.
[2] Tomo aqui história do tempo presente e história do recente, dentre outros epítetos posteriormente citados, como sinônimos. História do presente, história próxima e história imediata, não se referem exatamente à mesma cronologia, segundo autores como Chaveau e Tètart na obra supracitada. Para eles, estes três tempos históricos fariam parte de um tempo muito contemporâneo, que seria aquele a partir do segundo terço do século XX. De modo geral a história próxima é entendida como dizendo respeito aos últimos trinta anos, enquanto a história do presente englobaria, segundo outros, os últimos cinqüenta ou sessenta anos. As duas funcionarim do mesmo modo, definem-se por características comuns, como a natureza dos arquivos e sua forma de acessibilidade, a natureza dos métodos, o círculo dos historiadores, a continuidade cronológica num século. Já a história imediata, aquela feita no calor do acontecimento e geralmente associada ao oficio jornalístico, seria o complemento da história do presente. Entendo que todas façam parte do mesmo campo historiográfico, e por essa razão, neste artigo associo estas expressões aos epítetos primeiramente mencionados.

Questões teórico-metodológicas para uma História do Tempo Presente: o ensaio e o ensaio de nós mesmos. (Parte 1)

Minha contribuição aqui é a de identificar e verticalizar grandezas e referenciais teórico-metodológicos que possibilitem a carpintaria de uma História do Tempo Presente como campo de investigação. A partir do entendimento do ensaio como alegoria da escrita sobre o nosso tempo, entendo que quando ensaiamos, antes de tudo, ensaiamos a nós mesmos. Da mesma maneira, escrever sobre o tempo presente é procurar uma grade de análise e inteligibilidade sobre nós mesmos.
A título de apresentação, eis a definição que Jean-Pierre Rioux dá a este campo historiográfico: “Um vibrato do inacabado que anima todo um passado, um presente aliviado de seu autismo, uma inteligibilidade perseguida fora de alamedas percorridas, é um pouco isto, a História do Tempo Presente[1]”. Sobre os motivos que teriam levado ao desabrochar deste campo historiográfico, comentam Agnès Chaveau e Philippe Tétart que seriam a história renovada do político, o impacto de geração e o fenômeno concomitante de demanda social[2]. Para estes dois autores, esta modalidade historiográfica seria tributária dos anos de 1950, quando a sociedade demandava esclarecimentos a respeito dos traumas que vivera. Essa produção histórica, simétrica à demanda social, teria como raízes ainda o “aumento e a aceleração da comunicação, a renovação progressiva da imprensa e da edição, a elevação do nível de estudo e a força dos engajamentos ideológicos, morais, dos anos 50-60[3]”. Agnès Chaveau e Philippe Tétart comentam que este campo se ampara no pressuposto metodológico de que a história não é somente o estudo do passado, mas também, “com um menor recuo e métodos particulares, o estudo do presente[4]”.
[1] RIOUX, Jean-Pierre. Pode-se fazer uma história do presente? In: CHAVEAU, A.; TÉTART, P. (Orgs.). Questões para a história do presente. Bauru/SP: EDUSC, 1999, p.39-50. P. 50.
[2] CHAVEAU, Agnès; TÉTART, Philippe. Questões para a história do presente. In: CHAVEAU, A.; TÉTART, P. (Orgs.). Questões para a história do presente. Bauru/SP: EDUSC, 1999, p. 07-37. P. 15.
[3] Idem, p. 17.
[4] Ibidem, p. 15.